fulano

Foi meio que uma espécie de pensamento de chuveiro, mas ainda não criaram essa comunidade, então vai aqui mesmo.

Estava eu lendo uma notícia sobre consumo de energia de datacenters e me deparei com um dadosusado como comparativo, em que mencionava o consumo médio de uma residência estadounidense e achei muito estranho, pois achei o valor muito alto, então fui pesquisar melhor.

Uma casa nos eua consome, em média, 893kWh por mês, enquanto uma brasileira consome menos de 200. Em outras palavras, uma casa brasileira, em média, leva mais de 4 meses pra consumir a mesma energia do que uma casa dos eua.

Não sei até que ponto isso pode estar relacionado à climatização de lugares frios, porque lá também tem lugares bem quentes e, por exemplo, na flórida, o consumo médio de energia elétrica é ainda maior.

Eu me achava gastar muita energia, por causa dos meus "luxuosos" 50kwh com banhos, mas sou um nada perto deles. E depois tem gente que quer equiparar com outros países quando se fala em impactos ambientais

Eu tinha digitado o maior textão e de repente o post desapareceu kkkkk. Não sei se foi bug ou se foi apagado, então, já que levei uns 20min escrevendo isso, vou postar o comentário abaixo. Se tiver algum problema, me avisem.

Sou também neurodivergente e lido recorrentemente com pensamentos suicidas, mas não consigo ver isso como algo bom.

Se, por um lado, eu sei na pele o que é viver de forma que jamais se aproximará da normalidade e tenho que conviver com o fardo dos retardos e buracos em todas as áreas da minha vida, enquanto incompreendido por todos, por outro lado, penso o que a eutanásia para pessoas como eu significa no contexto macro.

É mais do que evidente que a sociedade considera a morte como quase o pior dos destinos. É o que muitos desejam para quem comete os piores crimes, é o que muitos desejam para seus piores inimigos. É também evidente como consideram o suicídio como uma das maiores tragédias. A única exceção é quando a pessoa possui uma perspectiva de morte iminente e sofrerá demais durante esse breve período, então a sociedade considera justo que essa pessoa adiante a morte pra evitar o sofrimento. Só que esse não é o nosso caso, não temos uma morte iminente. O que significa então que essa sociedade nos dê o direito da eutanásia, enquanto as demais pessoas não o têm? Que reconhecem nossa dor? isso não faria sentido, pois sempre que desabafamos ou pedimos apoio por aí, ninguém nos compreende, de forma alguma, e não reconhecem nosso sofrimento.

Se a sociedade trata a morte dessa forma e não reconhece nossa dor, mas dos dá o direito de acabar com nossas vidas, enquanto o mesmo não ocorre com as demais pessoas, que mensagem ela passa para nós?

Mas não só isso. Vou me tomar como exemplo, porém tudo isso vai se aplicar a muitos de nos: se eu fui negado de ter oportunidades, trabalho, uma carreira, uma vida independente, fui negado de justiça quando recorri aos meios jurídicos (não vou especificar a história por privacidade, por favor, não perguntem), fui considerado incapaz de ter opinião própria em diversas situações, fui considerado uma pessoa não confiável quando testemunhei um crime, etc.

Aí, depois de me negar vários direitos fundamentais, a sociedade me vem e diz que tenho o direito de me matar? Que porra de mensagem é essa que querem me passar? Não consigo interpretar de forma diferente de ser considerado um lixo, um subproduto descartável que a ninguém interessa.

Se é pra ter direitos, quero ter TODOS os direitos, quero ter a oportunidade de ter a vida que uma pessoa sem deficiência teria.

Observe que não estou aqui querendo dizer que nossos problemas são totalmente remediáveis, nem querendo vir com aquele papo de quem leu um parágrafo sobre o modelo social de deficiências e acha que todos nossos problemas vêm exclusivamente da relação com a sociedade. A questão é que, apesar de todos os problemas e dificuldades intrínsecas que temos, a sociedade nos nega muitos direitos, de diferentes formas. Se existe alguma preocupação com a gente, então que comecem com coisas simples, como nos permitir ter uma vida digna e independente.

Pra fechar, pesquisei sobre essa eutanásia pra neurodivergentes na holanda, considerando que lá a sociedade possa encarar tudo isso de forma diferente, mas apenas encontrei artigos de médicos e especialistas holandeses criticando fortemente o que está sendo feito e dizendo que isso foi uma extrapolação dos ideais da lei feita em 2002. Então acredito que o pensamento por lá não seja tão diferente.

Tá foda.